sexta-feira, 22 de março de 2013

Pré-campanha eleitoral começa mal


Compromisso de representação municipal impediu-me de estar presente na primeira sessão da última Assembleia Municipal, numa noite totalmente preenchida com o PAOD (período de antes da ordem do dia) e a análise da atividade do Executivo municipal.
E não tive oportunidade de assistir à nova estratégia de pré-campanha da coligação de direita em Guimarães, que decidiu de uma assentada utilizar quatro dos seus presidentes de Junta para exigir à Câmara explicações sobre um conjunto de situações que, não sendo novas, e nunca merecendo anteriormente qualquer intervenção política naquele local,  tipificam uma forma de estar e fazer política que geralmente nunca dá resultado.
E não deixa de ser curioso que agora se façam acompanhar por concidadãos seus, que se manifestam de forma ruidosa e até ameaçam dar um tiro no Presidente da Câmara!
Sinceramente, começo a não perceber que limite se impõe esta Coligação de direita em Guimarães para conquistar a Câmara Municipal.
Eu sei que dói, mas deve doer mesmo muito, estar afastado do poder durante mais de 20 anos; principalmente quando o poder, o magistério de mandar, é algo que lhes corre nas veias e do qual se alimentam para impor o seu status quo; e também porque esse poder está nas mãos de gente que consideram menor, uns desqualificados que tiveram de trabalhar arduamente para combater a condição de pobreza que à nascença estavam condenados; que nunca tiveram mais nada do que aquilo que o seu trabalho árduo lhes proporciona e que, imagine-se, até se atrevem a amar, tanto ou mais do que eles, a terra que os viu nascer ou que os acolheu no seu seio.
Eu sei que dói, mas deve doer mesmo muito, constatar todos os dias que afinal outros existem que conseguem "dar  conta do recado", até bem de mais, porque a cidade cresce,  porque as freguesias se desenvolvem ou porque os vimaranenses se sentem mais felizes.
É legítimo que tenham ambição e que se achem melhores que os outros. Nós, por cá, também somos ambiciosos e trabalhamos todos os dias para provar que somos melhores do que eles.
Mas a ambição que se transforma em obsessão, em puro desespero, tolda-nos a inteligência e leva-nos a utilizar no terreno da disputa eleitoral armas que já não se adequam à maturidade democrática que vivemos.
A Câmara conhece bem os problemas colocados pelos Presidentes de Junta de Serzedelo, Silvares, Sande S. Martinho e Caldelas. Para todos tenta encontrar soluções, alguns já resolveu no limite das suas possibilidades e competências e para outros nem resposta tem, porque também existem problemas sem solução.
E não resolve alguns porque a mesma coligação de direita que nos governa de Lisboa não paga os milhões que deve à Câmara de Guimarães e porque nos impõe uma Lei dos Compromissos que está na iminência de paralisar os serviços municipais.
Mas lembraram-se todos, de um só vez, a meia dúzia de meses das eleições autárquicas, que era chegada a hora de denunciar essas situações na Assembleia Municipal?
E a população que os acompanhou (alguns já confessando que se sentiram enganados) pensavam que era num órgão meramente deliberativo que iriam encontrar a panaceia que curasse todos os problemas que os afligem?
Foi um triste número, que abre um precedente grave e que um dia lhes cairá na sopa.
Sim, porque um dia, embora distante, o poder pode cair nas suas mãos, e há-de surgir alguém que entenderá que esta deve ser a forma de fazer política.
E, nesse dia, ou não conseguem governar, ou governam a "toque de caixa" da pressão popular, algo que a direita não gosta, não compreende e que abomina mesmo.

domingo, 17 de março de 2013

A dimensão europeia do desporto em Guimarães




Nos últimos três dias, em Wiesbaden, na Alemanha, dez países europeus, representados por especialistas e instituições ligadas ao desporto, reflectiram, analisaram e discutiram um conjunto de medidas, ações e políticas directamente relacionadas com o Desporto para Todos.
Sob a égide da TAFISA - The Association for International Sport for All, organização internacional que tem mais de 270 membros em 145 países, Portugal marcou presença pela primeira vez, através do Instituto Português do Desporto e da Juventude, tendo o governo convidado Guimarães para colaborar, ao nível das cidades, num projeto denominado "Sports City Net", que terá a duração de um ano e meio, e que visa construir uma rede internacional de promoção do Desporto para Todos, facilitando a troca de experiências, a partilha de boas práticas e o networking.
Este projeto junta dez países - Portugal, Bulgária, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Hungria, Lituânia, Holanda, Polónia e Espanha - que se propõe elaborar um documento orientador e influenciador das políticas europeias e nacionais a este nível, num lobby positivo e proativo, que potencie a generalização da prática desportiva e da actividade física, principalmente junto de grupos mais sensíveis, transformado as nossas cidades em territórios activos.
Representei Guimarães nessa reunião, e tive oportunidade não só de recolher algumas excelentes ideias, que procurarei implementar na minha cidade logo que a oportunidade surja, como tive oportunidade de dar a conhecer o trabalho que por cá temos desenvolvido, não deixando de ser surpreendente verificar que somos donos de projetos inovadores e que suscitaram o interesse de muitos dos participantes.
A aposta que temos feito na construção de parques de lazer, o projeto Atividade Sénior ou a Liga Mini, já devidamente consolidados, mas também os Jogos da Comunidade, as Caminhadas 4 Estacões ou a Alameda dos Desportos, projetos integrados na programação da Cidade Europeia do Desporto 2013, foram objeto de curiosidade e admiração por parte de todos os participantes, considerando-os fundamentais para consolidar os alicerces de uma cidade activa e focada na promoção do desporto e do exercício físico.
Igualmente foi objeto de aplauso a aposta que vamos fazer este ano na elaboração de alguns estudos com temáticas ligadas ao desporto e à saúde, em parceria com algumas das maiores universidades do país, ao ponto de ter suscitado a ideia de criar uma rede intranet para partilha dos pressupostos metodológicos e dos resultados destes estudos, por forma a que possam ser replicados noutros países e permitir, no futuro, a sua comparação e aplicar soluções conjuntas.
É decisivo que Guimarães aposte na criação permanente de pontes de relacionamento com outras realidades do espaço europeu, coletando informação e conhecimento que nos auxilie na construção de um futuro desportivo melhor para todos os nossos cidadãos e clubes; como decisivo é promover a internacionalização da nossa cidade, marcando presença qualificada e empenhada nestes fóruns e lobbys internacionais, evidenciando o nosso trabalho, a nossa criatividade e a nossa capacidade.
E estando sempre na primeira linha dos centros de decisão e de angariação de recursos (técnicos e financeiros), condição cada vez mais indispensável para olhar o futuro com esperança, já que se em Portugal o dinheiro cada vez é menos, na Europa ainda sobra disponibilidade para apoiar projetos que demonstrem aptidão e qualidade.
E ideias temos nós muitas!...

terça-feira, 12 de março de 2013

Todos somos Guimarães!




Iniciam-se hoje, erm Creixomil, as Assembleias Participativas, primeiro momento de um novo instrumento de intervenção na vida pública que a Câmara Municipal oferece aos seus concidadãos, chamando-os a dar ideias inovadoras para a sua cidade e freguesias.
O Orçamento Participativo privilegia o papel do cidadão nos processos de decisão, pedindo-lhes que colaborem no desenho de políticas públicas municipais que vão de encontro às necessidades e expetativas das pessoas.
Um milhão de euros, distribuídos por projetos na área social (meio milhão), desporto (250.000) e cultura e turismo (outros 250.000), ficam nas mãos de todos quantos queiram apresentar propostas respeitantes a investimentos, manutenções, programas ou atividades, dentro dos critérios estabelecidos, sendo 30 de Abril a data limite para a formulação dessas propostas.
O processo é simples e toda a informação está disponível em www.cm-guimaraes.pt; ou então basta participar numa das 48 Assembleias Participativas que a Câmara vai promover por todo o concelho, com o objetivo não só de esclarecer o processo, como de recolher já eventuais propostas.
Depois, terá de batalhar pela sua proposta, porque todas elas serão sujeitas á votação da população, sendo escolhidas para execução as que recolherem maior número de simpatizantes.
Quantos de nós já pensaram num projeto, tiveram uma ideia ou formularam uma expetativa sobre alguma coisa que gostavam de ver (ou ter) na nossa cidade, mas que o orçamento municipal não prevê ou a Câmara Municipal não entende como prioritária? Quantos de nós já pensaram: se fosse eu que mandasse, fazia isto ou aquilo.
Pois muito bem, é chegada a altura de concretizar essa expetativa.
A sua ideia, o seu projeto, a sua expetativa pode agora ser cumprida, bastando que seja exequível e se enquadre em três ou quatro quesitos básicos definidos no regulamento; e se ela tiver o número de votos suficiente, será executada pela Câmara Municipal. Na sua rua, na sua praça, num parque, onde tenha de ser e nas circunstâncias e modos que cada um define na sua proposta.
Participe. Todos somos Guimarães. E todos somos chamados a dar contributos para transformar Guimarães num lugar especial para se viver.

A culpa é (sempre) do outro



Estupefacção é capaz de ser a palavra mais adequada para definir o meu estado de espírito após a leitura da entrevista que o Presidente da Associação Comercial e Industrial de Guimarães deu ao Jornal de Notícias recentemente, imputando a responsabilidade da "crise" atual do comércio tradicional vimaranense à Câmara Municipal de Guimarães.
E o despautério vai ao cúmulo de dividir essa responsabilidade com a "caça à multa" e o exagero de policiamento que, nas suas palavras, tem caracterizado a atuação da empresa municipal Vitrus na fiscalização dos parcómetros na nossa cidade.
Como é evidente, a resposta do Presidente da Câmara não tardou e algumas coisas já foram colocadas no seu devido lugar. Mas quem, como eu, tem responsabilidades políticas em alguns dos setores que tocam a "sanha" acusatória do Presidente da ACIG, não pode ficar calado perante o que leu, sob prejuízo de ficar a sensação que, calando, consente.
Quanto ao estacionamento e parcómetros, se o Presidente da ACIG andasse na rua e falasse com quem precisa de aparcar o seu carro para aceder aos estabelecimentos comerciais, percebia imediatamente que a fiscalização é a melhor defesa do comércio tradicional; porque esta não tem como pressuposto a multa, mas antes a garantia de rotatividade do aparcamento, permitindo que, cumprindo a sua função - estacionamento de duração limitada - mais gente possa utilizar esses lugares por pequenos períodos de tempo, o necessário para fazer as suas compras ou utilizar os serviços públicos, e dando o seu lugar a outros.
Como é evidente, quem não percebe isto, prevaricando ou abusando, tem de ser multado, sendo que a multa não foi uma invenção desta Câmara, mas sim de alguém que há muitos anos entendeu que esta seria a melhor forma de fazer entender a certas pessoas que o comportamento desviante das regras estabelecidas determina uma sanção, deteminante (na maior parte dos casos) de uma atuação futura adequada.
E fruto desta ação fiscalizadora eficiente, hoje como nunca existem lugares para se aparcar no centro da cidade, onde se localiza a a maior parte do comércio tradicional.
Acabou a bagunça? Acabou, sim senhor.
Acabou o estacionamento de donos e funcionários de lojas durante o dia todo? Acabou, sim senhor.
Alegar ainda que existe policiamento excessivo é argumento popularucho, pois saberá o Presidente da ACIG que a Vitrus tem apenas 3 fiscais de manhã e outros 3 de tarde para mais de 1.300 lugares de parcómetros na nossa cidade, logo, que cada um, num turno de seis horas, tem cerca de 450 lugares para fiscalizar?...
O problema do comércio tradicional em Guimarães não é o estacionamento (ou a falta dele); o problema não é o parque subterrâneo no Toural (ou a falta dele); o problema não são as iluminações de Natal (ou falta delas).
O problema é que as pessoas vivem tempos de penúria e de exiguidade de recursos, com vencimentos que cada vez menos chegam até ao final do mês, com contas e impostos para pagar como nunca tiveram e que, pela primeira vez há muitos anos, têm de refrear os seus impulsos consumistas temerosos dos sacrifícios que ainda se anunciam.
E, por isso, há menos gente nas lojas, há menos carros nas ruas, há menos gente a passar férias, há menos gente a viajar. Um sinal do tempo que vivemos, que todos já se aperceberam, mas que o Presidente da ACIG entende direcionar para a Câmara Municipal. Embora muitos já tenham entendido porquê!...
E então que diria o Presidente da ACIG se, por exclusiva responsabilidade da Câmara, não se tivesse requalificado todo o espaço público, construído novos equipamentos culturais e desportivos, promovido a Capital Europeia da Cultura e a Cidade Europeia do Desporto, investido na promoção de Guimarães como um dos melhores e mais recomendados destinos turísticos do Velho Continente?
Se com tudo isto, para o qual a ACIG nada contribuiu, se queixa o seu Presidente, que dirão os outros Presidentes dos comerciantes por esse país fora?... Que eu tenha lido ultimamente, contra as autarquias nada; contra a carestia de vida, tudo.
Triste sina a nossa de ter um Presidente de uma associação tão importante que, em vez de definir estratégias para combater a crise e ajudar quem paga as quotas para ser (bem) representado, arremessa as culpas para outros, limpando as mãos de um assunto que só a ele lhe diz respeito.
É nas alturas de dificuldade e de desesperança que se afirmam os líderes. É nesta altura que se exigem ideias, estratégias, imaginação e ousadia para combater o fatalismo que a crise generalizou. É nesta altura que a ACIG verdadeiramente tem de mostrar o que vale perante os seus associados.
Pelos vistos, foi fácil e agradável distribuir sorrisos, gentilezas e elogios na abastança da CEC2012 (onde ninguém falou de parcómetros, policiamento excessivo e sei lá mais o quê!); agora que os tempos são outros, que haja coragem e inteligência para apontar (novos) caminhos e soluções.
A Câmara fez (e faz) o que lhe compete. Se o Presidente da ACIG fizer o mesmo, os seus associados agradecem.