sexta-feira, 22 de março de 2013

Pré-campanha eleitoral começa mal


Compromisso de representação municipal impediu-me de estar presente na primeira sessão da última Assembleia Municipal, numa noite totalmente preenchida com o PAOD (período de antes da ordem do dia) e a análise da atividade do Executivo municipal.
E não tive oportunidade de assistir à nova estratégia de pré-campanha da coligação de direita em Guimarães, que decidiu de uma assentada utilizar quatro dos seus presidentes de Junta para exigir à Câmara explicações sobre um conjunto de situações que, não sendo novas, e nunca merecendo anteriormente qualquer intervenção política naquele local,  tipificam uma forma de estar e fazer política que geralmente nunca dá resultado.
E não deixa de ser curioso que agora se façam acompanhar por concidadãos seus, que se manifestam de forma ruidosa e até ameaçam dar um tiro no Presidente da Câmara!
Sinceramente, começo a não perceber que limite se impõe esta Coligação de direita em Guimarães para conquistar a Câmara Municipal.
Eu sei que dói, mas deve doer mesmo muito, estar afastado do poder durante mais de 20 anos; principalmente quando o poder, o magistério de mandar, é algo que lhes corre nas veias e do qual se alimentam para impor o seu status quo; e também porque esse poder está nas mãos de gente que consideram menor, uns desqualificados que tiveram de trabalhar arduamente para combater a condição de pobreza que à nascença estavam condenados; que nunca tiveram mais nada do que aquilo que o seu trabalho árduo lhes proporciona e que, imagine-se, até se atrevem a amar, tanto ou mais do que eles, a terra que os viu nascer ou que os acolheu no seu seio.
Eu sei que dói, mas deve doer mesmo muito, constatar todos os dias que afinal outros existem que conseguem "dar  conta do recado", até bem de mais, porque a cidade cresce,  porque as freguesias se desenvolvem ou porque os vimaranenses se sentem mais felizes.
É legítimo que tenham ambição e que se achem melhores que os outros. Nós, por cá, também somos ambiciosos e trabalhamos todos os dias para provar que somos melhores do que eles.
Mas a ambição que se transforma em obsessão, em puro desespero, tolda-nos a inteligência e leva-nos a utilizar no terreno da disputa eleitoral armas que já não se adequam à maturidade democrática que vivemos.
A Câmara conhece bem os problemas colocados pelos Presidentes de Junta de Serzedelo, Silvares, Sande S. Martinho e Caldelas. Para todos tenta encontrar soluções, alguns já resolveu no limite das suas possibilidades e competências e para outros nem resposta tem, porque também existem problemas sem solução.
E não resolve alguns porque a mesma coligação de direita que nos governa de Lisboa não paga os milhões que deve à Câmara de Guimarães e porque nos impõe uma Lei dos Compromissos que está na iminência de paralisar os serviços municipais.
Mas lembraram-se todos, de um só vez, a meia dúzia de meses das eleições autárquicas, que era chegada a hora de denunciar essas situações na Assembleia Municipal?
E a população que os acompanhou (alguns já confessando que se sentiram enganados) pensavam que era num órgão meramente deliberativo que iriam encontrar a panaceia que curasse todos os problemas que os afligem?
Foi um triste número, que abre um precedente grave e que um dia lhes cairá na sopa.
Sim, porque um dia, embora distante, o poder pode cair nas suas mãos, e há-de surgir alguém que entenderá que esta deve ser a forma de fazer política.
E, nesse dia, ou não conseguem governar, ou governam a "toque de caixa" da pressão popular, algo que a direita não gosta, não compreende e que abomina mesmo.

domingo, 17 de março de 2013

A dimensão europeia do desporto em Guimarães




Nos últimos três dias, em Wiesbaden, na Alemanha, dez países europeus, representados por especialistas e instituições ligadas ao desporto, reflectiram, analisaram e discutiram um conjunto de medidas, ações e políticas directamente relacionadas com o Desporto para Todos.
Sob a égide da TAFISA - The Association for International Sport for All, organização internacional que tem mais de 270 membros em 145 países, Portugal marcou presença pela primeira vez, através do Instituto Português do Desporto e da Juventude, tendo o governo convidado Guimarães para colaborar, ao nível das cidades, num projeto denominado "Sports City Net", que terá a duração de um ano e meio, e que visa construir uma rede internacional de promoção do Desporto para Todos, facilitando a troca de experiências, a partilha de boas práticas e o networking.
Este projeto junta dez países - Portugal, Bulgária, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Hungria, Lituânia, Holanda, Polónia e Espanha - que se propõe elaborar um documento orientador e influenciador das políticas europeias e nacionais a este nível, num lobby positivo e proativo, que potencie a generalização da prática desportiva e da actividade física, principalmente junto de grupos mais sensíveis, transformado as nossas cidades em territórios activos.
Representei Guimarães nessa reunião, e tive oportunidade não só de recolher algumas excelentes ideias, que procurarei implementar na minha cidade logo que a oportunidade surja, como tive oportunidade de dar a conhecer o trabalho que por cá temos desenvolvido, não deixando de ser surpreendente verificar que somos donos de projetos inovadores e que suscitaram o interesse de muitos dos participantes.
A aposta que temos feito na construção de parques de lazer, o projeto Atividade Sénior ou a Liga Mini, já devidamente consolidados, mas também os Jogos da Comunidade, as Caminhadas 4 Estacões ou a Alameda dos Desportos, projetos integrados na programação da Cidade Europeia do Desporto 2013, foram objeto de curiosidade e admiração por parte de todos os participantes, considerando-os fundamentais para consolidar os alicerces de uma cidade activa e focada na promoção do desporto e do exercício físico.
Igualmente foi objeto de aplauso a aposta que vamos fazer este ano na elaboração de alguns estudos com temáticas ligadas ao desporto e à saúde, em parceria com algumas das maiores universidades do país, ao ponto de ter suscitado a ideia de criar uma rede intranet para partilha dos pressupostos metodológicos e dos resultados destes estudos, por forma a que possam ser replicados noutros países e permitir, no futuro, a sua comparação e aplicar soluções conjuntas.
É decisivo que Guimarães aposte na criação permanente de pontes de relacionamento com outras realidades do espaço europeu, coletando informação e conhecimento que nos auxilie na construção de um futuro desportivo melhor para todos os nossos cidadãos e clubes; como decisivo é promover a internacionalização da nossa cidade, marcando presença qualificada e empenhada nestes fóruns e lobbys internacionais, evidenciando o nosso trabalho, a nossa criatividade e a nossa capacidade.
E estando sempre na primeira linha dos centros de decisão e de angariação de recursos (técnicos e financeiros), condição cada vez mais indispensável para olhar o futuro com esperança, já que se em Portugal o dinheiro cada vez é menos, na Europa ainda sobra disponibilidade para apoiar projetos que demonstrem aptidão e qualidade.
E ideias temos nós muitas!...

terça-feira, 12 de março de 2013

Todos somos Guimarães!




Iniciam-se hoje, erm Creixomil, as Assembleias Participativas, primeiro momento de um novo instrumento de intervenção na vida pública que a Câmara Municipal oferece aos seus concidadãos, chamando-os a dar ideias inovadoras para a sua cidade e freguesias.
O Orçamento Participativo privilegia o papel do cidadão nos processos de decisão, pedindo-lhes que colaborem no desenho de políticas públicas municipais que vão de encontro às necessidades e expetativas das pessoas.
Um milhão de euros, distribuídos por projetos na área social (meio milhão), desporto (250.000) e cultura e turismo (outros 250.000), ficam nas mãos de todos quantos queiram apresentar propostas respeitantes a investimentos, manutenções, programas ou atividades, dentro dos critérios estabelecidos, sendo 30 de Abril a data limite para a formulação dessas propostas.
O processo é simples e toda a informação está disponível em www.cm-guimaraes.pt; ou então basta participar numa das 48 Assembleias Participativas que a Câmara vai promover por todo o concelho, com o objetivo não só de esclarecer o processo, como de recolher já eventuais propostas.
Depois, terá de batalhar pela sua proposta, porque todas elas serão sujeitas á votação da população, sendo escolhidas para execução as que recolherem maior número de simpatizantes.
Quantos de nós já pensaram num projeto, tiveram uma ideia ou formularam uma expetativa sobre alguma coisa que gostavam de ver (ou ter) na nossa cidade, mas que o orçamento municipal não prevê ou a Câmara Municipal não entende como prioritária? Quantos de nós já pensaram: se fosse eu que mandasse, fazia isto ou aquilo.
Pois muito bem, é chegada a altura de concretizar essa expetativa.
A sua ideia, o seu projeto, a sua expetativa pode agora ser cumprida, bastando que seja exequível e se enquadre em três ou quatro quesitos básicos definidos no regulamento; e se ela tiver o número de votos suficiente, será executada pela Câmara Municipal. Na sua rua, na sua praça, num parque, onde tenha de ser e nas circunstâncias e modos que cada um define na sua proposta.
Participe. Todos somos Guimarães. E todos somos chamados a dar contributos para transformar Guimarães num lugar especial para se viver.

A culpa é (sempre) do outro



Estupefacção é capaz de ser a palavra mais adequada para definir o meu estado de espírito após a leitura da entrevista que o Presidente da Associação Comercial e Industrial de Guimarães deu ao Jornal de Notícias recentemente, imputando a responsabilidade da "crise" atual do comércio tradicional vimaranense à Câmara Municipal de Guimarães.
E o despautério vai ao cúmulo de dividir essa responsabilidade com a "caça à multa" e o exagero de policiamento que, nas suas palavras, tem caracterizado a atuação da empresa municipal Vitrus na fiscalização dos parcómetros na nossa cidade.
Como é evidente, a resposta do Presidente da Câmara não tardou e algumas coisas já foram colocadas no seu devido lugar. Mas quem, como eu, tem responsabilidades políticas em alguns dos setores que tocam a "sanha" acusatória do Presidente da ACIG, não pode ficar calado perante o que leu, sob prejuízo de ficar a sensação que, calando, consente.
Quanto ao estacionamento e parcómetros, se o Presidente da ACIG andasse na rua e falasse com quem precisa de aparcar o seu carro para aceder aos estabelecimentos comerciais, percebia imediatamente que a fiscalização é a melhor defesa do comércio tradicional; porque esta não tem como pressuposto a multa, mas antes a garantia de rotatividade do aparcamento, permitindo que, cumprindo a sua função - estacionamento de duração limitada - mais gente possa utilizar esses lugares por pequenos períodos de tempo, o necessário para fazer as suas compras ou utilizar os serviços públicos, e dando o seu lugar a outros.
Como é evidente, quem não percebe isto, prevaricando ou abusando, tem de ser multado, sendo que a multa não foi uma invenção desta Câmara, mas sim de alguém que há muitos anos entendeu que esta seria a melhor forma de fazer entender a certas pessoas que o comportamento desviante das regras estabelecidas determina uma sanção, deteminante (na maior parte dos casos) de uma atuação futura adequada.
E fruto desta ação fiscalizadora eficiente, hoje como nunca existem lugares para se aparcar no centro da cidade, onde se localiza a a maior parte do comércio tradicional.
Acabou a bagunça? Acabou, sim senhor.
Acabou o estacionamento de donos e funcionários de lojas durante o dia todo? Acabou, sim senhor.
Alegar ainda que existe policiamento excessivo é argumento popularucho, pois saberá o Presidente da ACIG que a Vitrus tem apenas 3 fiscais de manhã e outros 3 de tarde para mais de 1.300 lugares de parcómetros na nossa cidade, logo, que cada um, num turno de seis horas, tem cerca de 450 lugares para fiscalizar?...
O problema do comércio tradicional em Guimarães não é o estacionamento (ou a falta dele); o problema não é o parque subterrâneo no Toural (ou a falta dele); o problema não são as iluminações de Natal (ou falta delas).
O problema é que as pessoas vivem tempos de penúria e de exiguidade de recursos, com vencimentos que cada vez menos chegam até ao final do mês, com contas e impostos para pagar como nunca tiveram e que, pela primeira vez há muitos anos, têm de refrear os seus impulsos consumistas temerosos dos sacrifícios que ainda se anunciam.
E, por isso, há menos gente nas lojas, há menos carros nas ruas, há menos gente a passar férias, há menos gente a viajar. Um sinal do tempo que vivemos, que todos já se aperceberam, mas que o Presidente da ACIG entende direcionar para a Câmara Municipal. Embora muitos já tenham entendido porquê!...
E então que diria o Presidente da ACIG se, por exclusiva responsabilidade da Câmara, não se tivesse requalificado todo o espaço público, construído novos equipamentos culturais e desportivos, promovido a Capital Europeia da Cultura e a Cidade Europeia do Desporto, investido na promoção de Guimarães como um dos melhores e mais recomendados destinos turísticos do Velho Continente?
Se com tudo isto, para o qual a ACIG nada contribuiu, se queixa o seu Presidente, que dirão os outros Presidentes dos comerciantes por esse país fora?... Que eu tenha lido ultimamente, contra as autarquias nada; contra a carestia de vida, tudo.
Triste sina a nossa de ter um Presidente de uma associação tão importante que, em vez de definir estratégias para combater a crise e ajudar quem paga as quotas para ser (bem) representado, arremessa as culpas para outros, limpando as mãos de um assunto que só a ele lhe diz respeito.
É nas alturas de dificuldade e de desesperança que se afirmam os líderes. É nesta altura que se exigem ideias, estratégias, imaginação e ousadia para combater o fatalismo que a crise generalizou. É nesta altura que a ACIG verdadeiramente tem de mostrar o que vale perante os seus associados.
Pelos vistos, foi fácil e agradável distribuir sorrisos, gentilezas e elogios na abastança da CEC2012 (onde ninguém falou de parcómetros, policiamento excessivo e sei lá mais o quê!); agora que os tempos são outros, que haja coragem e inteligência para apontar (novos) caminhos e soluções.
A Câmara fez (e faz) o que lhe compete. Se o Presidente da ACIG fizer o mesmo, os seus associados agradecem.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O apelo à amnésia



"If any city can be described as adorable, than it is Guimarães"

Assim começa mais uma excelente reportagem sobre Guimarães, desta vez assinada por Tim Pozzi, jornalista do The Telegraph, publicada na terça-feira passada, naquele que é o jornal britânico com maior circulação diária, muito próximo do milhão de leitores.
Bem sei que já cansa falar do assunto, tantas (e tão boas) têm sido as notícias e reportagens sobre a nossa terra nos últimos meses, descobrindo o mundo que, neste cantinho periférico da Europa, existe uma cidade exemplarmente recuperada, com uma dinâmica cultural entusiasmante e fora do comum,  feita de gente hospitaleira e profundamente envolvida, que conseguiu protagonizar a melhor Capital Europeia da Cultura no nosso país e que, este ano, quer fazer o mesmo com o desporto, sendo a primeira Cidade Europeia do Desporto em Portugal.
Alimenta o espirito ouvir, ver e ler o que outros dizem de nós.
Não só a gente comum que por cá passa anónima e replica nos seus países de origem a beleza do destino, recomendando-o vivamente, como jornalistas e repórteres, dos quatro cantos do mundo, atraídos pelo fascínio de uma pequena cidade à escala europeia que emerge desta trágico-comédia em que se tem transformado o nosso país, por força de uma governação que teima em indicar o abismo como a única saída para a crise.
A construção deste "novo" território, que atrai e fascina os forasteiros, e que honra e envaidece os locais (a maior parte deles, para ser mais objetivo), tem protagonistas e obreiros, que convem nomear numa altura em que alguns tentam passar a mensagem de que o que está para trás (já) não interessa para nada.
Ler num jornal local que o deputado social-democrata Emídio Guerreiro entende que "o futuro (não) é memória" ou que o candidato da Coligação da direita à Câmara Municipal de Guimarães apele a que se esqueçam do que foi (bem) feito e nos concentremos apenas naquilo que há-de vir, provoca estranheza e perplexidade.
Não há projeto de futuro que não se ancore numa realidade presente e numa memória passada. Porque essa memória passada, que permitiu a realidade presente, é sempre indiciadora do futuro que nos espera.
Estou perfeitamente convicto que um vimaranense, quando for chamado às urnas lá para o início de Outubro, terá presente que a sua opção é entre um partido que, nas duas últimas décadas, definiu e cumpriu uma estratégia de afirmação do nosso concelho, sucedida e reconhecida, e que se manterá fiel a ela, prosseguindo-a e fortalecendo-a; e uma coligação que nesse mesmo período raras vezes partilhou dessa visão, não raras vezes a condenou e censurou, e que agora diz que o passado não interessa para nada porque eles são donos e senhores de uma visão de futuro que mais ninguém tem.
Triste presunção esta.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Não brinquem com Guimarães!



Para que conste:
- Fui testemunha presencial dos lamentáveis incidentes que ocorreram no passado domingo no D. Afonso Henriques, um dos momentos mais tristes da minha vida ligada ao desporto.
E foi isto que se passou:
- A rivalidade Guimarães-Braga no futebol indiciava o seu ponto máximo de efervescência;
- No sábado à noite, após o jogo entre as equipas principais, os autocarros que transportavam os adeptos vitorianos foram apedrejados;
- O jogo começou sem segurança policial porque o Vitória e a PSP (reunidos duas vezes a semana anterior) não se entenderam quanto ao contigente policial necessário para esse jogo: 15 pedia o Vitória (sustentado no que determina o DL 216/2012), 45 exigia o comando policial (pela avaliação do risco em jogo);
- A cerca de centena de adeptos do Braga que entraram no Estádio, seis minutos depois do jogo ter começado, dirigiram-se de imediato para a bancada dos adeptos locais, arremessando cadeiras e petardos, perante a impotência dos stewards;
- Os sócios do Vitoria reagiram e o confronto ficou incontrolável;
- O árbitro e a equipa do Braga abandonaram o recinto do jogo;
- A Polícia (soube depois) estava fora do Estádio e só decidiu intervir depois dos incidentes terem degenerado em agressões;
- O corpo de intervenção rapidamente sanou o confronto e a segurança do jogo estava garantida;
- O jogo podia (e devia) ter sido reatado, mas o Braga entendia não estarem reunidas as condições de segurança mínimas para o efeito;
- O árbitro decide dar o jogo por concluído, remetendo para as entidades competentes a decisão final.
E o resultado foi este:
- O país desportivo despertou para o problema da violência no futebol;
- Os "doutos" comentadores desportivos exigiam punição exemplar, chegando ao ponto de utilizar o trocadilho da "cidade europeia da vergonha";
- O Conselho de Justiça da FPF deliberou hoje punir o Vitória com dois jogos à porta fechada e uma multa pecuniária de 10.200 euros (mais 4.624 do dia anterior) e o Braga com uma multa de 3.750 euros;
- Este mesmo Conselho decidirá em breve o que fazer do jogo interrompido;
- O Vitória recorreu da decisão e fica por saber se o recurso tem ou não efeito suspensivo.
E eu digo:
- O que se passou naquele estádio não é digno, não é aceitável e não é desculpável;
- Que se apure e investigue tudo; e que, com mão firme, se puna quem transformou um espaço de jogo e convívio num espaço de batalha e de violência gratuita;
- Que a Liga e a Federação assumam as suas responsabilidades, em vez de transformar o Vitória no algoz que, uma vez exemplarmente castigado, esconde uma realidade que vai ganhando dimensão assustadora;
- Que o Governo altere rapidamente o DL 216/2012, de 9 de Outubro, cuja ambiguidade escancara a porta à total desresponsabilização e ao livre arbítrio;
- Não sabem como? Copiem os ingleses, que erradicaram o hooliganismo quando este ameaçou matar a liga mais competitiva do mundo (já agora, as câmaras de vigilância existem para quê nos estádios?);
- E deixem de brincar com Guimarães e os vimaranenses; somos hoje Cidade Europeia do Desporto (como ontem fomos a melhor Capital Europeia da Cultura deste país) porque merecemos e porque o desporto aqui é muito, muito mais do que um jogo de futebol; e somos Cidade Europeia do Desporto porque aqui mora gente séria, trabalhadora, empreendedora e ousada, que recusa o fatalismo, que acredita no seu valor e que verdadeiramente ama a sua terra e os seus símbolos identitários, que no desporto tem no Vitória a sua expressão maior;
- Utilizar os incidentes de domingo, que todas as pessoas de bem lamentam e repudiam, para denegrir a nossa cidade, o nosso desporto e as nossas instituições maiores, é uma cretinice própria de quem não sabe o que é aquela coisa tão bonita, chamada de "patriotismo de cidade", que um dia um dos  maiores estadistas nacionais disse ser exclusiva de Guimarães.
Um desabafo final:
- Desejo que não se repita mais a imagem que fixei no domingo à tarde e que dificilmente se irá desvanecer da minha memória: uma criança de 6/7 anos, lavada em lágrimas, de voz trémula e rosto aterrorizado, agarrada ao casaco do pai e pedindo-lhe desesperadamente para ir embora, porque tinha muito medo e nunca mais queria ir ao futebol.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

E o Quadrilátero ficou com apenas três lados...


Numa decisão que já havia sido assumida pelo Executivo vimaranense, consumou-se ontem, por deliberação da maioria socialista, a saída de Guimarães do Quadrilátero Urbano, uma associação regional que integrava as cidades de Braga, Barcelos, Famalicão e a nossa, e que pretendia ser um pólo de competitividade territorial e multissectorial.
Para isso, fez-se um esquiço daquilo que devia ser uma estratégia comum de desenvolvimento económico, com parcerias aprofundadas entre os atores em torno de projetos estruturantes, concentrando energias e potencialidades para desenvolver a visibilidade internacional das quatro maiores cidades minhotas.
Belíssimo propósito, que qualquer um de nós subcreveria.
Até que um dia se descobre que, afinal, tudo aquilo era retórica e que, volvidos quatro anos após a sua criação, só se tinha executado 7% (repete-se para que não haja dúvida, 7%) daquilo que era suposto fazer e dos cerca de 15 milhões de euros que havia para gastar.
Numa altura em que o "garrote" governamental imposto às autarquias locais ameaça a sua paralisação, retirando-lhes meios, recursos e autonomia, qualquer político "com dois dedos de testa" vê-se obrigado a redefinir as suas prioridades, priorizando o substantivo e eliminando o acessório.
Não há, por isso, nenhuma Câmara deste país que, nesta altura, não faça contas à vida, definindo as suas prioridades e cortando nas "gorduras", palavra tão cara à coligação de direita que nos governa.
Em Guimarães, os representantes do PSD desta coligação de direita, entendem que havia de manter-se este Quadrilátero, mesmo que pouco ou nada execute. Quando a Câmara apresenta as suas contas anuais com  taxas de execução orçamental na ordem dos 60% ou 70%, aqui d'el rei que a incompetência grassa e que urbe não tem futuro. Quando uma associação regional apresenta taxas de execução quase risíveis, aqui d'el rei que não podemos sair, porque o futuro está nas mãos destas "redes" regionais.
Domingos Bragança, para que não haja dúvidas, assumiu-o corajosamente ontem: vamos rever todas estas parcerias, associações e redes, e só nos manteremos ativos e participantes naquelas que efetivamente resultem numa recohecida mais-valia para Guimarães e para os vimaranenses.
Tudo o resto que se tem dito, de forma assumida ou sub-reptícia, é poeira que distrai o olhar do essencial. Vivemos tempos de austeridade e de recursos escassos; e o futuro que espreita não dá sinais de grande esperança na alteração destes tempos. E ou nos voltamos para aquilo que verdadeiramente importa, no caso em apreço, e porque de uma autarquia local se trata, no apoio às pessoas e às suas necessidades mais prementes, ou seremos cúmplices na destruição da verdadeira essência do poder local.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Quem assim fala...




Estamos a cerca de sete meses de um novo ciclo eleitoral autárquico e os vimaranenses já sabem quem podem escolher para suceder a António Magalhães.
A opção é apenas entre dois candidatos: Domingos Bragança, pelo PS, e André Coelho Lima, pela Coligação PSD/CDS. Os demais ainda não se conhecem.
Como tem acontecido nos últimos anos, fui escolhido pelo meu partido para dirigir a campanha eleitoral (embora não tenha honras de inusitado destaque noticioso como o meu adversário da Coligação) e tenho tido a preocupação de ouvir, com atenção e interesse, aquilo que o principal adversário do meu candidato tem referido nas suas (muitas) entrevistas aos orgãos de comunicação social.
A última delas aconteceu recentemente na Rádio Fundação, onde durante cerca de uma hora o candidato da Coligação PSD/CDS teceu diversos comentários sobre a forma como pretende conquistar o eleitorado vimaranense.
Terei tempo de opinar sobre as suas propostas, muitas delas nitidamente em fase de mera formulação teórica, mas não deixei de registar (com agrado) que ocupou minutos preciosos da sua entrevista a proferir afirmações deste calibre, entre outras, que replico de memória:
- A Câmara Municipal já tem políticas sociais muito importante e significativas;
- Temos uma cidade que nos orgulha, bonita e com uma excelente requalificação urbana;
- Guimarães tem uma dinâmica cultural impressionante;
- A cidade deve ser sempre o pólo central dos investimentos municipais;
- Guimarães atingiu um patamar muito alto!
Como é evidente, subscrevo na íntegra tudo o que o candidato da Coligação PSD/CDS diz.
E relevo a humildade demonstrada em reconhecer a execelência do trabalho desenvolvido pela gestão municipal socialista nos últimos anos em Guimarães.
Se dúvidas tivesse (e não as tenho) que o eleitorado vimaranense irá reconhecer nas próximas eleições quem merece continuar a ser responsável pelo notável trabalho de afirmação de Guimarães, a opinião espontânea (e acredito sincera) de André Coelho Lima rapidamente as dissiparia.
Acompanho o percurso da gestão municipal socialista há muitos anos e sei que este foi, sem dúvida, o melhor mandato de sempre. E se o foi, que ninguém também duvide que na sua orientação esteve a visão estratégica e o trabalho sério e lúcido (e discreto) de Domingos Bragança, único responsável pelos dois setores da atividade municipal (finanças e obras) que desenharam o projeto político-financeiro que esteve na base deste sucesso.
E como nem sempre a luz dos holofotes ou o som estridente dos megafones mediáticos está do lado dos principais protagonistas, são palavras como as do candidato da Coligação PSD/CDS que consolidam a força da candidatura de Domingos Bragança.


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Quase um ano depois, regresso às memórias de Santa Clara. Como muitos, necessitei de fazer uma pausa sabática neste novo mundo da comunicação instantânea, por vezes interessante, muitas mais vezes angustiante pela vacuidade que por aí prolifera. Quando criei este blogue tinha apenas um único propósito: por decisão dos vimaranenses, que me merecem o maior respeito, fui colocado em Santa Clara, como Vereador, por um período de 4 anos, representando uma larguíssima maioria de conterrâneos que entenderam confiar no Partido Socialista para gerir a sua autarquia; entendi que através deste blogue podia ir dando conta de alguns momentos, decisões, histórias e acontecimentos que iam marcando a minha passagem por Santa Clara, inevitavelmente através de um olhar que, sendo meu, só a mim me responsabilizaria. Um olhar susceptível à critica e ao contraditório, um olhar parcial, memórias dos dias que passavam. Durante alguns meses escrevi ao ritmo de uma memória por dia. E senti que muitos se interessavam. Mas trabalhar mais de 10 horas por dia, ser marido e pai,assumir a responsabilidade de presidir à Associaçao Portuguesa de Gestão do Desporto, presidir à Comissão Executiva da Cidade Europeia do Desporto, e simultaneamente tentar gerir um blogue, revelou-se excesso de carga para uma viagem cujo destino ainda estava longe. Parei e fiz bem. Agora regresso. Não com menos trabalho, bem pelo contrário, mas ciente que o mandato para que fui eleito se aproxima do fim e que, hoje mais do que nunca, se exige que vá prestando contas do meu trabalho e do desempenho do PS na Câmara Municipal. Para os que desejem ler.