Compromisso de representação municipal impediu-me de estar presente na primeira sessão da última Assembleia Municipal, numa noite totalmente preenchida com o PAOD (período de antes da ordem do dia) e a análise da atividade do Executivo municipal.
E não tive oportunidade de assistir à nova estratégia de pré-campanha da coligação de direita em Guimarães, que decidiu de uma assentada utilizar quatro dos seus presidentes de Junta para exigir à Câmara explicações sobre um conjunto de situações que, não sendo novas, e nunca merecendo anteriormente qualquer intervenção política naquele local, tipificam uma forma de estar e fazer política que geralmente nunca dá resultado.
Sinceramente, começo a não perceber que limite se impõe esta Coligação de direita em Guimarães para conquistar a Câmara Municipal.
Eu sei que dói, mas deve doer mesmo muito, estar afastado do poder durante mais de 20 anos; principalmente quando o poder, o magistério de mandar, é algo que lhes corre nas veias e do qual se alimentam para impor o seu status quo; e também porque esse poder está nas mãos de gente que consideram menor, uns desqualificados que tiveram de trabalhar arduamente para combater a condição de pobreza que à nascença estavam condenados; que nunca tiveram mais nada do que aquilo que o seu trabalho árduo lhes proporciona e que, imagine-se, até se atrevem a amar, tanto ou mais do que eles, a terra que os viu nascer ou que os acolheu no seu seio.
Eu sei que dói, mas deve doer mesmo muito, constatar todos os dias que afinal outros existem que conseguem "dar conta do recado", até bem de mais, porque a cidade cresce, porque as freguesias se desenvolvem ou porque os vimaranenses se sentem mais felizes.
É legítimo que tenham ambição e que se achem melhores que os outros. Nós, por cá, também somos ambiciosos e trabalhamos todos os dias para provar que somos melhores do que eles.
Mas a ambição que se transforma em obsessão, em puro desespero, tolda-nos a inteligência e leva-nos a utilizar no terreno da disputa eleitoral armas que já não se adequam à maturidade democrática que vivemos.
A Câmara conhece bem os problemas colocados pelos Presidentes de Junta de Serzedelo, Silvares, Sande S. Martinho e Caldelas. Para todos tenta encontrar soluções, alguns já resolveu no limite das suas possibilidades e competências e para outros nem resposta tem, porque também existem problemas sem solução.
E não resolve alguns porque a mesma coligação de direita que nos governa de Lisboa não paga os milhões que deve à Câmara de Guimarães e porque nos impõe uma Lei dos Compromissos que está na iminência de paralisar os serviços municipais.
Mas lembraram-se todos, de um só vez, a meia dúzia de meses das eleições autárquicas, que era chegada a hora de denunciar essas situações na Assembleia Municipal?
E a população que os acompanhou (alguns já confessando que se sentiram enganados) pensavam que era num órgão meramente deliberativo que iriam encontrar a panaceia que curasse todos os problemas que os afligem?
Foi um triste número, que abre um precedente grave e que um dia lhes cairá na sopa.
Sim, porque um dia, embora distante, o poder pode cair nas suas mãos, e há-de surgir alguém que entenderá que esta deve ser a forma de fazer política.
E, nesse dia, ou não conseguem governar, ou governam a "toque de caixa" da pressão popular, algo que a direita não gosta, não compreende e que abomina mesmo.
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