domingo, 26 de fevereiro de 2012

O melhor palco do norte do país

Literalmente obrigado pela minha filha, assisti ontem à noite, no Multiusos, ao concerto do brasileiro-fenómeno Michel Teló, perante uma das maiores assistências de sempre que aquela casa já viu.
Não é fácil encontrar explicações para tamanho sucesso de um jovem que ficou conhecido no nosso país após a dança de Ronaldo e Marcelo, comemorando um golo do primeiro pelo Real Madrid. Ele próprio repetiu ontem, por várias vezes, o quanto lhes deve e o quanto está surpreendido pela legião de seguidores que encontrou em Portugal.
O espetáculo não foi nada de especial, e o modesto repertório obrigou-o a cantar Ivete Sangalo, Adele, Jason Mraz, Black Eye Peas, entre outros, para aguentar uma hora e meia de actuação perante milhares de pessoas eufóricas e vibrantes.
Há coisas que não se entendem mesmo. Esta é uma delas, embora provavelmente condenada a um sucesso efémero e meteórico.
Mas este post surge pela surpresa (ou nem por isso) de ontem ter confirmado que o Multiusos é verdadeiramente a sala de espectáculos do norte do país. Pelo eco da gritaria que resultava sempre que Teló perguntava de onde vinha tanta gente, fiquei a saber que o Multiusos encheu com gente que não era de Guimarães, sendo o Porto a região que mais barulho fazia. No exterior, o número de autocarros dessa região ou os acessos congestionados à portagem também o demonstravam.
Durante os oito anos que passei naquela casa, com muitos concertos no portfólio do meu trabalho, constatei que o Multiusos reúne todas as condições para se assumir como a maior e melhor casa de espetáculos do norte. Pela inexistência de sala igual nas cidades vizinhas, pela sua excelente lotação e versatilidade, pela centralidade de Guimarães e pelos seus acessos fáceis e rápidos.
Pena é que muitos produtores nacionais o não queiram reconhecer, preferindo salas mais pequenas ou menos adequadas no Porto, em Braga ou em Coimbra. É pena, porque não fosse o atavismo e centralismo que ainda caracteriza muitos dos que organizam espetáculos, e ao Multiusos podiam chegar artistas e eventos de forma mais permanente.
E todos ganhavam com isso. Guimarães com certeza, mas fundamentalmente os que gostam de assistir a um espetáculo qualquer com as melhores condições possíveis.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O desporto também é sinónimo de ousadia

O Grupo Desportivo União Torcatense passou a ser hoje o terceiro dos cinco clubes a dispor de um novo relvado sintético no seu complexo desportivo, no âmbito dos contratos-programa assumidos no ano passado pela Câmara Municipal, que implicam um inesvtimento, em quatro anos, de um milhão de euros.
Depois dos clubes das vilas de Brito e Pevidém, S. Torcato passa a dispor de excelentes condições para a prática e para a formação desportiva do futebol, num esforço conjunto da autarquia, do clube e de alguns patrocinadores locais, que se esmeraram neste renovado complexo.
Por força das exigências regulamentares actuais e de um conjunto de vicissitudes que condicionavam a correcta utilização desportiva do espaço de jogo existente, esta foi uma obra que superou em muito os cerca de 250.000 euros que a Câmara Municipal atribuiu. Nada, porém, que atemorizasse a laboriosa direcção do clube, que meteu mãos à obra e conseguiu angariar um conjunto de apoios notáveis para que hoje, no reabrir das portas, tudo parecesse fácil.
Não foi. Nem sequer é fácil ser presidente ou director num clube onde tudo escasseia: sócios, dinheiro ou gente disponível para o trabalho. No Torcatense, como em quase todos os outros clubes locais, a determinação, o arrojo e o amor desinteressado ao clube de uns poucos conseguem mover obstáculoa considerados intransponíveis.
Nas últimas semanas, por força da minha responsabilidade, tive oportunidade de passar algum tempo com o presidente deste clube, Nélson Martins; é um jovem inteligente, trabalhador e que faz da humildade e da determinação o seu guia de trabalho. Vivi com ele as angústias que sentiu quando tudo parecia correr mal e a incompreensão das pessoas pelo atraso nas obras; hoje, quando subiu ao palco para falar desta obra, não se esqueceu de ninguém e em cada palavra emotiva do seu discurso senti a satisfação do dever cumprido.
Como o Nélson Martins existem em Guimarães mais umas dezenas de jovens (e menos jovens) dirigentes desta têmpera: guerreiros, inconformados, determinados e confiantes. É com gente desta que Guimarães constrói o seu invejável património desportivo. E eu sinto-me honrado por ter a oportunidade de trabalhar e conviver com estas pessoas.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Centro Histórico com novas regras

Por decisão unânime de todos os partidos, foi hoje aprovado pela Câmara Municipal o novo regulamento de acesso ao Centro Histórico e o conjunto de normas que vão ditar a nova organização das esplanadas e da ocupação de todo esse espaço público de eleição.
Exigia-se esta reorganização. Em nome da dignificação da nossa "jóia da coroa" e da sua coerência enquanto espaço que pertence a todos e que por tantos é visitado; em nome da necessidade de preservação da sua especificidade; garantindo que a sua fruição não seja condicionada pela voragem do imediatismo, onde já quase tudo valia, sem regras, sem disciplina, sem gosto.
O primeiro passo foi dado com o regulamento que condicionará ainda mais o acesso automóvel ao Centro Histórico, que em breve terá barreiras físicas e controlo por imagem instalados na "Porta da Câmara" - acesso à Praça de S. Tiago pela rua Nun'Alvares, na "Porta Nova" - acesso ao largo Condessa do Juncal pelo Milenário e na "Porta de Santa Luzia" - acesso ao largo da Misercórdia pela rua Val de Donas.
Diariamente, essas "portas" estarão fechadas entre as 21h30 e as 7h00, com possibilidade de encerramento total ao fim-de-semana, ficando as operações de carga e descarga limitadas apenas ao período das 7h00 às 10h00. O trânsito passará a ser proibido na rua de Santa Maria, libertando os turistas da passagem permanente de veículos automóveis nessa artéria, e na rua da Rainha, a partir das 21h30, permitindo a fruição das esplanadas da Oliveira sem a passagem e o ruído dos carros.
A ocupação do espaço público e as esplanadas passam a ter, também, novas regras, com uma melhor organização do espaço licenciado, mobiliário adequado, guarda-sóis uniformizados e proibição de colocação de objectos, equipamentos e apetrechos decorativos nos passeios e nas entradas dos estabelecimentos. Tudo isto conjugado com um aumento da fiscalização pela Policia Municipal, condição indispensável para que tal normativo tenha eficácia prática.
Num processo sensível como este aceita-se a divergência e o cepticismo. Provavelmente de intensidade igual ao que se sentiu em 2000, ano em que se proibiu o acesso à Praça de S. Tiago e algumas artérias adjacentes. Volvidos doze anos ninguém aceitaria reverter essa decisão e provavelmente não estará longe o dia em que se exigirá o encerramento definitivo do acesso e trânsito automóvel na zona infra-muros, como alguns (cada vez mais) advogam.
Um passo de cada vez, porém. Hoje vive-se melhor o Centro Histórico do que há doze anos. E nos anos que se seguem esse objectivo deve permanecer intacto na gestão política do espaço público, sob pena de prejudicarmos seriamente todo um processo de regeneração urbana que noa conduziu ao estatuto que hoje tão orgulhosamente ostentamos.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Turismo apresenta roteiro empresarial

Pela iniciativa do Turismo da Câmara Municipal de Guimarães e do Gabinete de Informação ao Empresário nasceu hoje mais um projecto de diversificação da oferta turística do nosso concelho, que terá a sua apresentação oficial na BTL - Bolsa de Turismo de Lisboa, no final deste mês.
Com o nome de "Guimarães Marca/Guimarães Branding", dez empresas vimaranenses aderiram à criação de um novo produto turístico de cariz empresarial, que potenciará ainda mais o segmento do turismo de negócios local, já deveras significativo e principal responsável pelas boas taxas de alojamento dos nossos hotéis.
Nesta primeira fase, as empresas Babex (vestuário criança), Camport, JAM e Kyaia (calçado), Herdmar e Cutipol (cutelarias), Lameirinho e Sampedro (têxteis-lar), Luipex (fatos de banho) e Jobarros (roupa interior), constam de um desdobrável bilingue (portugues e inglês), que passará a ser profusamente distribuído nos Postos de Turismo da região e do aeroporto do Porto, para além de integrar o portfolio de informação turística da Agência de Promoção Externa do Norte(ATP) nas feiras de turismo internacionais e nas visitas educacionais a jornalistas e trade.
Garantido está, ainda, o apoio à divulgação e dinamização deste projecto de promoção por parte da CEC'2012 e da AICEP (delegações no exterior), garantindo a sua eventual comercialização, parte importante do mesmo, já que as empresas aderentes, para além de garantirem visitas guiadas às suas instalações, terão de garantir portas abertas para venda dos produtos que fabricam.
No ano em que desejamos consolidar definitivamente Guimarães como destino de turismo de referência, a procura de novos nichos de mercado e de novos turistas são fundamentais para alcançar esse desiderato. E não deixa de ser relevante o exemplo dado pelas nossas empresas, muitas delas concorrendo entre si, mas entusiasticamente sensíveis a este projecto, partilhando um espaço comum de afirmação da nossa capacidade empresarial.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Revista da TAP destaca Guimarães

É mais uma boa notícia para a promoção internacional de Guimarães: a edição de Fevereiro da revista TAP destaca a cidade de Guimarães e a Capital Europeia da Cultura, oferecendo aos seus passageiros 18 páginas de apurado gosto gráfico, textos bem elaborados e um conjunto de fotografias bastante apelativas.
Durante algumas semanas, em todos os voos operados pela transportadora aérea nacional, muitos milhares de passageiros, de todo o mundo, vão com certeza perder alguns minutos a ler esta excelente reportagem e, todos o esperamos, despertar em muitos deles a curiosidade da visita.
A reportagem começa assim: "pare, olhe, escute, toque, crie, veja, sinta, experimente, morda, renasça, faça parte! No ano em que é capital da cultura europeia, a histórica cidade de Guimarães, com as suas encantadoras praças e ruas medievais povoadas de vida, abre os braços para receber o passado, o presente e o futuro num magnifico espectáculo em que os artistas são as suas gentes. O coração bate agora mais forte!".
É uma excelente entrada para um texto muito simpático sobre Guimarães, a sua alma, o seu património, a sua gastronomia, os seus percursos e o "vendaval de cultura" anunciada para todo o ano de 2012.
Um excelente artigo, que percorrerá milhares de quilómetros nos aviões da TAP e que ajudará Guimarães a afirmar-se como destino de excelência.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A batalha de almofadas no Toural

A curiosidade falou mais alto e, sem pretensões de qualificar a iniciativa, passei hoje de tarde pelo Toural para perceber o que era a anunciada Batalha de Almofadas por volta das 16 horas.
Sabia que tudo tinha começado pela iniciatva de dois jovens, replicando uma ideia que já tinha sido testada com (maior ou menor) sucesso noutras cidades, e cujas inscrições pelo facebook já tinham ultrapassado os dois milhares de pessoas.
Não foi uma inictiva da CEC, nem tão pouco da Câmara Municipal. Nasceu espontâneamente, e foi um sucesso. Milhares de pessoas, predominantemente jovens, mas também menos jovens, aguardaram o bater dos 4 da tarde no relógio da Igreja de S. Pedro e toca a transformar o novo Toural num autêntico campo de batalha... de almofadas.
Foi uma iniciativa gira, onde toda a gente se divertiu por uns bons minutos, o tempo necessário para que as almofadas se desfizessem numa nuvem de penas e algodão, que quase cobriram o Toural de um manto de neve artificial.
É assim Guimarães nos dias de hoje: positiva, divertida, participativa, vivendo em festa estes dias solarengos que nos convidam a sair de casa e, se necessário fôr, inventando motivos para que isso aconteça.

Cidade Europeia do Desporto em 2013

Com a visita realizada ontem por uma delegação da Associação das Capitais Europeias do Desporto, foi dado o decisivo passo no sentido de Guimarães ser Cidade Europeia do Desporto em 2013.
O representante do presidente da ACES, o italiano Gian Francesco Lupattelli, procedeu à entrega de uma placa que simboliza o estatuto oficial de Cidade Candidata, e caso esse título seja conseguido (o que se ficará a saber a 19 de Maio), Guimarães será a primeira cidade portuguesa a obter essa designação.
Este é um processo que a Câmara Municipal de Guimarães assumiu com forte empenhamento, ficando ontem claramente demonstrado que também a ACES está entusiasmado com esta possibilidade, tendo em conta a admiração que manifestaram pelo conjunto notável de instalações desportivas que existem na nossa cidade (e só viram uma pequena amostra), assim como pela paixão com que o desporto se vive nesta cidade.
O dossier final de candidatura está a ser preparado com todo o cuidado e rigor, depois de terem sido já validados os requisitos de pré-candidatura, no passado dia 2, no Conselho-Geral da ACES, realizado em Bruxelas.
É mais uma boa notícia para Guimarães e para os vimaranenses, já que no ano imediatamente a seguir à Capital Europeia da Cultura, podem continuar a mostrar ao país e à Europa a qualidade do seu projecto de desenvolvimento, continuando a prolongar no tempo a sua afirmação internacional, já que o conjunto de eventos que terá de organizar e assumir em 2013, ao nível do desporto, facilitarão esse desígnio.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Capital mundial do vinho por três dias

Guimarães será, entre 4 e 6 de Maio, a capital mundial dos vinhos. Depois de ter passado, nos últimos anos, por Bordéus, Valencia, Palermo e Luxemburgo, Guimarães e o Multiusos vão acolher o "Concours Mondial de Bruxelles", uma das maiores competições de vinhos do mundo inteiro, onde são distinguidos e galardoados os melhores néctares do planeta.
Durante três dias, 7.400 vinhos de 50 países estarão a concurso, com 300 provadores de 40 nacionalidades diferentes, acompanhados por mais de uma centena de jornalistas internacionais e com cerca de 30 eventos promocionais associados.
No ano passado, em representação da Câmara Municipal, estive no Luxemburgo e assisti ao anúncio da escolha de Guimarães para palco deste concurso em 2012. E senti um genuíno entusiasmo de todos pela possibilidade de virem a conhecer o "coração" da região dos vinhos verdes. Um vinho que hoje é visto internacionalmente como um "vinho moderno, que graças à sua frescura, vivacidade e baixo teor alcoólico representa aquilo que o consumidor de qualquer canto do mundo cada vez mais procura". Quem o diz é o director-geral deste concurso, Thomas Costenoble, que acredita no seu enorme potencial.
Esta será, pois, uma excelente oportunidade para dar escala de notoriedade internacional ao nosso vinho verde, e o conjunto de acções de charme e simpatia que estão a ser organizadas com os produtores locais podem fazer mais nesses três dias pelo vinho verde do que qualquer campanha promocional paga a peso de ouro.
Na última edição do concurso, Portugal participou com 650 amostras e ganhou 235 medalhas, sendo já o quarto país na longa lista de países representados (atrás da França, Espanha e Itália). Para isso contribuíram decisivamente os vinhos produzidos no Douro e no Alentejo, que ganham reputação crescente por todo o mundo pela sua qualidade, honestidade e preço. Que bom seria que o vinho verde encontrasse aqui o caminho da sua afirmação internacional.

Os surpreendentes números do arranque da CEC

São surpreendentes os números revelados ontem pela Fundação Cidade de Guimarães relacionados com os primeiros dias da Capital Europeia da Cultura na nossa cidade. Mais de 120.000 pessoas na primeira semana do evento, salas de espectáculos com lotação média de 82%, 1.550 notícias sobre Guimarães só entre 20 e 29 de Janeiro, presença contabilizada de mais de 350 jornalistas e 70 orgãos de comunicação social, 68.000 visitas ao site ofcial da Guimarães 2012 e cerca de 43.000 visualizações de vídeos no Youtube.
Adicione-se a tudo isto o número recorde de visitantes registados nos 3 museus da nossa cidade, o número impressionante de acessos aos Postos de Turismo (7.000 no fim-de-semana de 21 e 22 de Janeiro) e as elevadas taxas de ocupação nos principais hotéis da cidade. Do que tudo isto significou para o comércio local não é possível falar (talvez a ACIG possa sistematizar e monitorizar esses dados ao longo do ano) por objectivo desconhecimento dos valores de facturação relacionados com essa actividade, mas custará a crer que, também aí, a mais-valia não tenha sido bem significativa.
Sendo assim, mais do que o discurso político, mais do que a expectativa gerada (e nem sempre cumprida, como aconteceu com o Euro 2004, por exemplo), mais do que as palavras de mera circunstância, os primeiros números falam por si e dizem tudo: a CEC é verdadeiramente um acontecimento único para Guimarães e a dimensão da sua importância para um futuro mais risonho é mais do que garantida.
O desafio que temos em mãos é o de capitalizar este investimento e este mediatismo, transformando velhos hábitos e mentalidades, adequando a nossa forma de agir enquanto agentes locais à nova realidade que cresce em nosso redor.
Não podem ter mais lugar as costumeiras ladaínhas do "podia ser melhor", ou do "a ver vamos". Este não é mais o tempo dos ses, das indecisões ou das dúvidas. A CEC 2012 será mesmo uma tremenda mais-valia para a economia local, e os números dos primeiros dias vão-se replicar pelo ano inteiro, pois ainda serão muitos os eventos e actividades de grande atratividade que estão agendados. Quem ainda não se preparou, que o faça quanto antes.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Vitória precisa de todos

Ao longo dos últimos anos tenho-me abstido de emitir opinião púbica sobre o Vitória. Tenho-a, como é evidente, enquanto cidadão livre e associado, mas entendo que o exercício de funções públicas me obriga ao recato e à equidistância, para mais sendo Vereador do Desporto no Município de Guimarães, onde coabitam mais de um centena de associações desportivas, todas elas merecedoras do meu maior respeito e admiração.
Abro hoje uma excepção porque provavelmente vivemos os dias mais difíceis de um percurso de vida de um clube que caminha para o centenário. O nosso clube. O clube de uma cidade, de um concelho, que todos vivem apaixonadamente e amam incondicionalmente.
A serem verdadeiras as notícias que hoje ficamos a conhecer, o clube terá um passivo que se aproxima vertiginosamente dos 20 milhões de euros. Com algumas das receitas mais significativas já comprometidas, com o acesso à banca e ao crédito bancário praticamente vedado, sem activos que alimentem expectativas de arrecadação de receita num futuro próximo, com sócios que exigem performances desportivas que permitam ocupar sempre os lugares cimeiros da liga profissional,a pergunta que se impõe é apenas esta: como se gere um clube nestas condições?
Se alguém chegasse hoje a Guimarães depois de um período de longa ausência e lhe dissessem que, mesmo nestas condições, existem já quatro putativos candidatos à liderança do Vitória, estupefacção seria a mínima reacção expectável. Mas Guimarães é assim, pejada de vitorianos dos sete costados, dispostos a todos os sacrifícios e imbuídos de um inigualável espirito clubista.
Mas será este o tempo para tantos candidatos? Será este o tempo de uma disputa eleitoral de tal modo atomizada que provoque ainda mais cisões e divergências entre uma família que, só mesmo unida, pode superar este tempo de tremenda dificuldade?
O Vitória vai precisar de todos para superar a tormenta que se aproxima. O Vitória do amanhã exigirá unidade em torno de um modelo de gestão simultâneamente sustentável e capaz de diminuir o passivo; exigirá paciência em relação à equipa profissional, que provavelmente terá de ser sacrificada na sua qualidade pela inibição financeira de contratar bons jogadores; exigirá disponibilidade plena dos novos dirigentes para encontrar soluções de gestão engenhosas que contrariem o cenário de dificuldade em que estamos todos mergulhados; exigirá, por fim, a escolha criteriosa dos melhores para liderar todo este processo.
Com serenidade e ponderação, a discussão aberta e profunda do caminho a seguir, terá de ser a nota dominante. Não excluindo ninguém. É chegada a altura de tirar todos os "esqueletos do armário", de falar sem reservas, de sacrificar a vertigem do imediatismo em prol de uma gestão rigorosa.
O Vitória sobreviverá, disso não tenho dúvidas. Porque mora numa cidade que é feita de gente audaciosa e onde no coração de cada um só palpita fervor clubista ao Vitória. Noutra cidade, com outra gente, tudo seria mais difícil, impossível até. Aqui isso não acontecerá. Nunca.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Guimarães, cidade de grandes eventos

Há vários anos que Guimarães tem assumido a condição de cidade preferencial para a realização de grandes eventos. A construção do Multiusos de Guimarães e do Centro Cultural Vila Flor (e mais recentemente o São Mamede), aliado à oferta hoteleira de qualidade disponível, as excelentes condições de acessibilidade à cidade e a beleza do nosso Centro Histórico, ampliaram a nossa dimensão enquanto destino de eventos, com o que isso significa de riqueza acrescida para a economia local. Hotéis, restaurantes, bares, estabelecimentos comerciais, transportes públicos e de aluguer, todos beneficiam economicamente com estes fluxos e replica-se um pouco por todo o mundo o reconhecimento de Guimarães como cidade atrativa.
2012 será mais um ano óptimo a este nível. No desporto, teremos a Liga Mundial de Voleibol, o Europeu de Rope Skipping e o Mundial de Xadrez Universitário; vamos receber o Concours Mondial de Bruxelles (o maior evento mundial de vinhos), o Congresso Internacional das Energy Cities, o Congresso Nacional das USF e o Congresso Internacional Histórico de Guimarães. Sei de mais dois ou três grandes congressos científicos organizados pela Universidade do Minho e de muitos outros organizados no âmbito da Capital Europeia da Cultura.
Ao longo do ano, milhares de pessoas vão passar por Guimarães nesses eventos e congressos. De Portugal e de todo o mundo. Vão deixar riqueza e (acredito) vão levar uma imagem positiva da nossa cidade.
É absolutamente crucial para a economia local que Guimarães mantenha viva nos anos vindouros esta dimensão, alimentando permanentemente actividades económicas que são manifestamente afectadas pelo decréscimo acentuado do poder de compra dos locais. Assumir e consolidar este estatuto de cidade de grandes eventos pode bem ser a "almofada" que permita diminuir o impacto da recessão económica que marca o quotidiano deste tempo.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Circuitos turísticos chegam a Guimarães

Com a aprovação hoje, em reunião do Executivo municipal, do programa de concessão de circuitos turísticos, está dado o decisivo passo para que, em breve, a cidade de Guimarães passe a dispor de um autocarro turístico e de Charretes movidas por cavalos.
Os fluxos turísticos visíveis e crescentes, induzidos pela CEC 2012, despertaram o interesse de várias empresas e a Câmara Municipal viu-se na necessidade de atribuir por concessão serviços de animação turistica que só são próprios de grandes cidades. Até agora não se conhecia o interesse de ninguém; de repente, são vários os candidatos. O que é óptimo, porque permite uma selecção e escolha de qualidade, num ganho evidente para o turismo local e para quem nos visita.
O autocarro turístico, com capacidade máxima para 26 passageiros, panorâmico, percorrerá as principiais artérias da cidade, com passagens pelas principais entradas do Centro Histórico, Colina Sagrada, Teleférico, Shopping, Estação de Comboios e zona de Couros, local que brevemente será mais uma atracão da nossa cidade. Funcionará diariamente e terá um serviço de audio-guia em várias línguas.
Já as Charretes, com um percurso mais pequeno e com passagem pelo coração do Centro Histórico, constituirão, estou certo, um elemento de atracão permanente, quiçá transportando-nos a um tempo em que o cavalo era certamente o único "veículo" autorizado a entrar nesse espaço.
Este despertar de interesse de empresas de animação turística, que se revela a outros níveis, com propostas que vão desde o aluguer de bicicletas eléctricas, trixis e segways, até serviços de guias especializados em vertentes até hoje não exploradas em cidades médias como a nossa, revelam a confiança da iniciativa privada no potencial de Guimarães como destino turístico, gerando um "efeito de bola-de-neve" que temos de consolidar: o aumento de turistas induz negócio, este gera o interesse dos privados e novos equipamentos e serviços de animação surgem; a experiência de visita torna-se mais interessante, desperta a curiosidade de novos visitantes e os fluxos tendem a aumentar.
É este o fantástico desafio que temos pela frente nos próximos anos: agarrar com toda a força e determinação esta oportunidade, utilizando a sensatez para distinguir entre a oportunidade e o oportunismo e ousando arriscar em modelos que correspondam às novas tendências.

Produção de lixo em queda acentuada

É um sinal dos tempos. Muito provavelmente dos tempos de dificuldade que vivemos, com a queda brutal do nosso poder de compra e, inevitavelmente, com repercussões sérias nos índices de consumo. A notícia é recente e dá conta que a produção de lixo urbano no nosso país decresceu cerca de 5% no ano findo. No Grande Porto a descida é de 4%, idêntica ao valor que apuramos em Guimarães, na região do centro é de 3%, mas a maior surpresa vem do território da Grande Lisboa e região Oeste, onde o poder de compra é bastante superior ao das restantes regiões, cujo decréscimo atingiu os 5%.
A diminuição da produção de resíduos, sejam eles indiferenciados ou recicláveis, devia ser um desígnio nacional, e não há governo, central ou local, que não olhe para estes resultados com indisfarçável satisfação. Os custos actuais da recolha e tratamento de resíduos absorvem parcelas significativas dos orçamentos, e em Guimarães, por exemplo, a receita arrecadada com a tarifa do lixo não chega sequer para pagar metade dos custos associados ao serviço, implicando um custo orçamental muito superior a 3 milhões de euros.
Gostaria de sentir que o decréscimo da produção de lixo estaria ligada a uma mudança de mentalidade, a novos hábitos de consumo, ao aumento progressivo de resíduos valorizáveis. No entanto, nem isso corresponde actualmente à verdade, pois em Guimarães, em 2011, a recolha selectiva de vidro desceu 6%, a de papel caiu 15% e a de embalagens diminuiu 2,5%. Depois de vários anos consecutivos de subida acentuada destes valores, em 2011 a inversão é total. Existindo uma objectiva razão directa entre a produção de resíduos recicláveis e os índices de consumo, estes números indicam claramente (em conjunto com outros que vamos conhecendo), que o consumo no nosso país está em queda acentuada.
Austeridade em cima de austeridade só pode dar nisto. Não sabemos é por quanto tempo mais!