terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Não brinquem com Guimarães!



Para que conste:
- Fui testemunha presencial dos lamentáveis incidentes que ocorreram no passado domingo no D. Afonso Henriques, um dos momentos mais tristes da minha vida ligada ao desporto.
E foi isto que se passou:
- A rivalidade Guimarães-Braga no futebol indiciava o seu ponto máximo de efervescência;
- No sábado à noite, após o jogo entre as equipas principais, os autocarros que transportavam os adeptos vitorianos foram apedrejados;
- O jogo começou sem segurança policial porque o Vitória e a PSP (reunidos duas vezes a semana anterior) não se entenderam quanto ao contigente policial necessário para esse jogo: 15 pedia o Vitória (sustentado no que determina o DL 216/2012), 45 exigia o comando policial (pela avaliação do risco em jogo);
- A cerca de centena de adeptos do Braga que entraram no Estádio, seis minutos depois do jogo ter começado, dirigiram-se de imediato para a bancada dos adeptos locais, arremessando cadeiras e petardos, perante a impotência dos stewards;
- Os sócios do Vitoria reagiram e o confronto ficou incontrolável;
- O árbitro e a equipa do Braga abandonaram o recinto do jogo;
- A Polícia (soube depois) estava fora do Estádio e só decidiu intervir depois dos incidentes terem degenerado em agressões;
- O corpo de intervenção rapidamente sanou o confronto e a segurança do jogo estava garantida;
- O jogo podia (e devia) ter sido reatado, mas o Braga entendia não estarem reunidas as condições de segurança mínimas para o efeito;
- O árbitro decide dar o jogo por concluído, remetendo para as entidades competentes a decisão final.
E o resultado foi este:
- O país desportivo despertou para o problema da violência no futebol;
- Os "doutos" comentadores desportivos exigiam punição exemplar, chegando ao ponto de utilizar o trocadilho da "cidade europeia da vergonha";
- O Conselho de Justiça da FPF deliberou hoje punir o Vitória com dois jogos à porta fechada e uma multa pecuniária de 10.200 euros (mais 4.624 do dia anterior) e o Braga com uma multa de 3.750 euros;
- Este mesmo Conselho decidirá em breve o que fazer do jogo interrompido;
- O Vitória recorreu da decisão e fica por saber se o recurso tem ou não efeito suspensivo.
E eu digo:
- O que se passou naquele estádio não é digno, não é aceitável e não é desculpável;
- Que se apure e investigue tudo; e que, com mão firme, se puna quem transformou um espaço de jogo e convívio num espaço de batalha e de violência gratuita;
- Que a Liga e a Federação assumam as suas responsabilidades, em vez de transformar o Vitória no algoz que, uma vez exemplarmente castigado, esconde uma realidade que vai ganhando dimensão assustadora;
- Que o Governo altere rapidamente o DL 216/2012, de 9 de Outubro, cuja ambiguidade escancara a porta à total desresponsabilização e ao livre arbítrio;
- Não sabem como? Copiem os ingleses, que erradicaram o hooliganismo quando este ameaçou matar a liga mais competitiva do mundo (já agora, as câmaras de vigilância existem para quê nos estádios?);
- E deixem de brincar com Guimarães e os vimaranenses; somos hoje Cidade Europeia do Desporto (como ontem fomos a melhor Capital Europeia da Cultura deste país) porque merecemos e porque o desporto aqui é muito, muito mais do que um jogo de futebol; e somos Cidade Europeia do Desporto porque aqui mora gente séria, trabalhadora, empreendedora e ousada, que recusa o fatalismo, que acredita no seu valor e que verdadeiramente ama a sua terra e os seus símbolos identitários, que no desporto tem no Vitória a sua expressão maior;
- Utilizar os incidentes de domingo, que todas as pessoas de bem lamentam e repudiam, para denegrir a nossa cidade, o nosso desporto e as nossas instituições maiores, é uma cretinice própria de quem não sabe o que é aquela coisa tão bonita, chamada de "patriotismo de cidade", que um dia um dos  maiores estadistas nacionais disse ser exclusiva de Guimarães.
Um desabafo final:
- Desejo que não se repita mais a imagem que fixei no domingo à tarde e que dificilmente se irá desvanecer da minha memória: uma criança de 6/7 anos, lavada em lágrimas, de voz trémula e rosto aterrorizado, agarrada ao casaco do pai e pedindo-lhe desesperadamente para ir embora, porque tinha muito medo e nunca mais queria ir ao futebol.

1 comentário:

  1. Excelente Amadeu, mas para nós "Patriotas da nossa cidade", como dizes e muito bem, sabemos perfeitamente a raiva e a inveja, por tudo o que os vimaranenses são, por tudo o que os vitorianos são, por tudo o que Guimaraes tem conseguido mostrar ser capaz, e que faz a diferença para todas as outras cidades Portuguesas, grassam por esse País fora.
    Os Vimaranenses e os vitorianos reagem, porque amamos Guimaraes e o Vitória, como ninguem o consegue. Esta-nos no sangue, "Somos Unicos".
    Relativamente a esses senhores comentadores, que se acham muito bons, e que denominaram "Cidade Europeia da Vergonha", isso não é preocupante, e isto porque as gentes da nossa terra, não precisam mais de demonstrar daquilo de que são capazes, de enfrentar os desafios que se lhes apresentam, mostrando-lhes como pelo amor à cidade se consegue elevar a cidade ao ponto de ser considerado o 4ª Patrimonio Mundial da Unesco, a ser visitado. Guimaraes 2012Capital Europeia da Cultura,foi um sucesso sem precedentes, e tenho a firme certeza que, Guimarães 2013Cidade Europeia do Desporto, vai ser mais um sucesso, e tudo isto é que nos faz sentir orgulhosos de ser aquilo que somos. Todas essas pessoas que querem denegrir a nossa imagem nunca o conseguirão porque nunca o iremos permitir. Eles vivem pelo protagonismo barato, nós vivemos pela nossa cidade e pelo nosso clube. VIVA GUIMARAES, VIVA O VITORIA.
    Rui Manuel Silva - Manaus - Brasil

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