sábado, 24 de dezembro de 2011

O estacionamento não pode ser "bagunça"

Quem conhece mundo não pode dizer que em Guimarães existam sérios problemas de aparcamento. Mesmo aqueles que acham que estacionar no centro da cidade é tarefa difícil, esquecem-se que no centro de uma cidade, seja ela qual for, o peão tende a prevalecer sobre o automóvel. A progressiva pedonalizacao dos centros urbanos, que ganha lastro nas cidades modernas, é factor determinante para a vitalidade desses espaços. Rua, praça ou largo com condicionalismos ao tráfego viário potencia uma maior circulação de pessoas, estimula o comércio local, dinamiza a restauração e aumenta a qualidade de vida dos seus fruidores.
É assim, e cada vez mais, em todo o lado. Mas em Guimarães muitos preferem ignorar esta realidade. O novo Toural e a nova Alameda foram inaugurados há apenas dez dias, mas já deu para perceber que só mesmo com uma acção policial consistente e eficaz se inverterá esta mania de se estacionar em qualquer lado, não importando quem se incomoda, que se danifiquem novos lajeados de granito ou que se delapide património que é de todos.
Na passada quarta-feira à noite, dezenas de carros invadiram o Largo de S. Francisco, a propósito de um concerto na Igreja com o mesmo nome, de nada valendo a sinalização ou os obstáculos que indicavam a sua proibição; já se viram carros estacionados em cima dos novos passeios do Toural, com a desculpa de aceder à farmácia ou até mesmo para beber um café ou um copo rápido numa cervejaria ou pastelaria local; outros acham que o passeio é local de carga e descarga (mesmo nada tendo para carregar ou descarregar) e toca a utilizá-lo que ninguém vê ou chateia; e eu acho que alguns até nem se importavam de levar o carro até à máquina do MB!
De facto, esta "bagunça" tem de acabar. Porque uma cidade que é património mundial o exige; porque uma cidade que será Capital Europeia da Cultura o exige; porque os vimaranenses que verdadeiramente gostam da sua cidade o exigem.
Se o Toural é o centro, num raio máximo de 500 metros existem centenas de lugares de estacionamento. Muitos deles até gratuitos. O Parque do Estádio, por exemplo, cuja primeira hora é gratuita e cujas horas seguintes custam apenas 40 cêntimos está praticamente vazio todo o dia. A menos de 5 minutos da Gil Vicente, da Santo António, do Toural, do Centro Histórico. Repito, a menos de cinco minutos do centro nevrálgico da cidade... e de borla a primeira hora!
Mas outros parques igualmente próximos (S. Francisco, Triângulo, S. António, Caldeiroa, Vila Flor, Mercado Municipal) disponibilizam centenas de lugares de aparcamento a qualquer hora do dia, todos eles a poucos minutos do centro, e mesmo assim poucos os utilizam.
Não falta aparcamento (barato ou mesmo gratuito); falta vontade de o utilizar. De sacrificar o egoísmo pessoal em prol de uma cidade amiga do peão, do "novo" cidadão, que reclama pela liberdade de utilizar livre e seguramente espaços que são seus. Falta assimilar uma nova cultura de mobilidade, onde o automóvel tem espaço, mas não sacrifica o que aos peões pertence nem delapida o que a todos igualmente pertence.
A partir de Janeiro, com mais policias municipais na rua e com maior fiscalização dos parcómetros, a Câmara promete uma nova atitude. Mas bem dispensável seria que fosse a multa a induzir um novo comportamento...

2 comentários:

  1. Guimarães é a única cidade que conheço que a partir do centro - quer seja o Toural o a Oliveira - tem, num raio de 500 metros, todos os erviços essenciais - e a 10 minutos a pé quase tudo, desde o hospital, estádio, ás escolas, mercado e feira.
    Não sabemos, parece, dar valor ao que temos, e o que temos faz inveja a milhões de cidadãos do mundo.
    Um abraço

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  2. Mas o problema continua. Continuam a ser muitos os que sobem o passeio para colocar o seu carro em frente da Ordem de São Francisco. Eu, que não tenho qualquer poder, tenho vontade de deixar um bilhetinho a alertar para tal falta de consciência!
    Espero que a Câmara consiga, sem ser só pela multa, alterar o comportamento destas pessoas.

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