quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O comércio local ainda não percebeu?

As declarações proferidas hoje pelo Presidente da Associação Comercial e Industrial de Guimarães são elucidativas daquilo que pode ser a Capital Europeia da Cultura para o comércio local: uma oportunidade única em tempos de dificuldade.
Disse Carlos Teixeira aos microfones da Rádio Santiago que o fim-de-semana foi excelente para os comerciantes locais, com um volume de vendas considerável e que a satisfação era generalizada.
Para quem duvidava que a CEC pode ajudar a alterar o paradigma da economia local e que é um estímulo muito positivo para quem faz do negócio o seu modo de vida, a resposta foi pronta daquele que os representa. Os hotéis lotaram, os restaurantes encheram uma e outra vez, os bares esgotaram os stocks e muitos estabelecimentos comerciais escoaram os seus produtos aproveitando a multidão que rumou até Guimarães no último fim-de-semana.
E se no sábado foi o que se viu, e previu, não deixa de ser relevante o facto de muitos permanecerem por cá no dia seguinte, porventura rendidos a uma cidade que se apresenta festiva e alegre, mesmo sem espectáculos de encher o olho e a alma, como os do dia anterior.
Promete ser assim o ano todo. Já no próximo fim-de-semana temos em Guimarães os Buraka Som Sistema no Multiusos, a música e músicos de nomeada entrarão pela casa dos vimaranenses no projecto "Mi casa és tu casa" (um projecto que vai surpreender muita gente) e, no domingo, a ante-estreia nacional do filme dos "Marretas", no São Mamede, entre muitas outras coisas. Motivos de sobra para acolher novos públicos e novos visitantes na cidade.
A possibilidade de este cenário se repetir ao longo do ano (convém não esquecer que os Fura del Baus ainda regressam mais três vezes) determina, porém, que os comerciantes locais, principalmente na área da restauração, se preparem convenientemente. Bares que fecham mais cedo porque esgotam stocks de comida e bebida, restaurantes que fecham ao domingo, indícios claros de fraca qualidade de serviço e de atendimento por falta de qualificação dos funcionários, de tudo isto aconteceu um pouco. E não pode acontecer mais. (fiquei a saber hoje que os pincipais restaurantes de Vizela lotaram completamente no domingo com gente que chegava lá desiludida pelo facto de não encontrar restaurantes abertos em Guimarães!...) Não pode acontecer mais. Se é esta a oportunidade que todos ansiavam, convém que não a desperdicem. Porque ela não se repete. No ano da CEC, no ano em que tudo acontece, encerrar restaurantes, bares, pastelarias ou estabelecimentos comerciantes ao domingo para descanso do pessoal ou porque não prepararam convenientemente a reposição de stocks é um erro. Mais do que isso, é um desperdício de riqueza.
É fundamental retirar ilações do fim-de-semana passado, repensar as estratégias e redefinir processos de organização. De que vale ter uma cidade em festa, que atrai forasteiros e turistas, que desperta curiosidade e admiração, se as estruturas locais de suporte ao acolhimento e recepção falharem? Ainda vamos a tempo. Não de convencer os que se foram desiludidos, mas dos muitos que hão-de vir.

1 comentário:

  1. Na medida em que o sucesso de qualquer destino turístico passa obrigatoriamente pela diversidade e qualidade da sua oferta, compreende-se que no mercado competitivo de turismo urbano, Guimarães para se
    afirmar face às suas concorrentes tem que apostar na qualidade e variedade dos serviços e
    produtos que oferece. A valorização do seu comércio como parte integrante das expectativas da procura turística já existente torna-se fundamental. A qualificação dos recursos humanos no atendimento e acolhimento a visitantes, a oferta de produtos diferenciados e competitivos
    associados à sua correcta promoção podem traduzir um importante elemento de valorização
    económica com capacidade de apoiar as já crónicas dificuldades do comércio tradicional. Importante seria também um estudo sobre as horas de frequência dos espaços públicos para visitantes e a respectiva adequação dos horários de abertura ao público. É um grande desperdício que os milhares de visitantes da cidade não reconheçam o destino como local de compras e, consequentemente, não façam compras em Guimarães, ou não possam cá gastar o seu dinheiro nos bares e restaurantes por estarem fechados. Como a presença de
    pessoas é um dos elementos essenciais para as trocas comerciais, importa rentabilizar a presença destes visitantes, convertendo a actividade comercial num complemento à oferta e num elemento gerador de riqueza.

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