sábado, 14 de janeiro de 2012

O desemprego jovem tem solução?

Nas últimas semanas, enquanto responsável pelo pelouro do Turismo na Câmara Municipal, tenho sido solicitado para dar muitas entrevistas. Hoje mesmo de manhã, ao lado do Presidente da Câmara, participei numa poule com jornalistas de vários órgãos de comunicação social europeus, entre os quais se destacavam a BBC e a agência de noticias France Press.
Já falei em posts anteriores do interesse generalizado da imprensa mundial na nossa cidade e das centenas de páginas e horas de rádio e televisão que têm dedicado a Guimarães. E do impacto positivo que todos desejamos tenha no turismo e na economia local.
A novidade hoje, porém, foi a pertinente questão da jornalista da BBC sobre o efeito que a CEC 2012 pode ter na diminuição do número de desempregados em Guimarães, que mostrou saber ser uma angústia do quotidiano local.
É uma questão pertinente; é um assunto que não pode ser escamoteado, embora de resposta difícil. Sabe-se que Guimarães tem mais de 13.000 desempregados e que cerca de 2.500 são jovens, a maior parte com licenciatura. Sabe-se igualmente que cerca de 8.000 têm mais de 45 anos e baixa literacia, numa grande maioria vítimas da crise do têxtil e da construção civil.
Num país mergulhado numa crise económica e financeira sem precedentes, com fortíssimas restrições ao crédito e impostos demasiado altos, não será fácil augurar dias melhores para estes dois sectores, o que significa que estarão igualmente longe os dias em que a situação seja revertida e que estas pessoas possam voltar a ser reintegradas no mercado do trabalho.
O apoio social, do Estado, mas também da autarquia, será decisivo para que estas pessoas possam ter, neste período de desesperança, o mínimo indispensável para viver. António Magalhães frisou mesmo que, se necessário fôr, sacrificará algumas parcelas orçamentais de áreas da actividade municipal para esse fim. Espera-se o mesmo do Governo, embora alguns sinais (preocupantes) sejam em sentido contrário.
Para os mais jovens, dotados com outras ferramentas de conhecimento, e como tive oportunidade de dizer à jornalista inglesa, a solução e a resposta terá de ser outra. Estes jovens não querem apenas sobreviver; querem ajudar a construir uma nova cidade, um novo concelho, um novo amanhã. Investiram muito na sua qualificação e querem colocá-lá ao serviço da comunidade. Eles são o upgrade que Guimarães necessita para alterar o seu paradigma económico e social. E merecem uma oportunidade. E se as empresas e os empresários locais desprezarem esse potencial humano, que ousem ser eles próprios a criar emprego. Há um novo mundo de oportunidades no setor do turismo, do design, dos serviços, nas indústrias criativas, na restauração, no artesanato ou nas artes, que urge aproveitar.
Tenho recebido alguns jovens na Câmara Municipal que me apresentam excelentes ideias e projetos, e a todos motivo a avançar. Não há futuro que se construa sem arrojo. Os obstáculos serão imensos e as dificuldades vão surgir em cada virar de esquina, mas pertence-lhes a eles, e só a eles, desenhar o mapa dos dias que virão. Se acreditarem nas suas competências, no valor das suas ideias e do seu potencial, o trabalho aparecerá. O trabalho, repito, para que não se confunda com o emprego, coisa bem distinta.

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