É um sinal dos tempos. Muito provavelmente dos tempos de dificuldade que vivemos, com a queda brutal do nosso poder de compra e, inevitavelmente, com repercussões sérias nos índices de consumo. A notícia é recente e dá conta que a produção de lixo urbano no nosso país decresceu cerca de 5% no ano findo. No Grande Porto a descida é de 4%, idêntica ao valor que apuramos em Guimarães, na região do centro é de 3%, mas a maior surpresa vem do território da Grande Lisboa e região Oeste, onde o poder de compra é bastante superior ao das restantes regiões, cujo decréscimo atingiu os 5%.
A diminuição da produção de resíduos, sejam eles indiferenciados ou recicláveis, devia ser um desígnio nacional, e não há governo, central ou local, que não olhe para estes resultados com indisfarçável satisfação. Os custos actuais da recolha e tratamento de resíduos absorvem parcelas significativas dos orçamentos, e em Guimarães, por exemplo, a receita arrecadada com a tarifa do lixo não chega sequer para pagar metade dos custos associados ao serviço, implicando um custo orçamental muito superior a 3 milhões de euros.
Gostaria de sentir que o decréscimo da produção de lixo estaria ligada a uma mudança de mentalidade, a novos hábitos de consumo, ao aumento progressivo de resíduos valorizáveis. No entanto, nem isso corresponde actualmente à verdade, pois em Guimarães, em 2011, a recolha selectiva de vidro desceu 6%, a de papel caiu 15% e a de embalagens diminuiu 2,5%. Depois de vários anos consecutivos de subida acentuada destes valores, em 2011 a inversão é total. Existindo uma objectiva razão directa entre a produção de resíduos recicláveis e os índices de consumo, estes números indicam claramente (em conjunto com outros que vamos conhecendo), que o consumo no nosso país está em queda acentuada.
Austeridade em cima de austeridade só pode dar nisto. Não sabemos é por quanto tempo mais!
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