terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Vitória precisa de todos

Ao longo dos últimos anos tenho-me abstido de emitir opinião púbica sobre o Vitória. Tenho-a, como é evidente, enquanto cidadão livre e associado, mas entendo que o exercício de funções públicas me obriga ao recato e à equidistância, para mais sendo Vereador do Desporto no Município de Guimarães, onde coabitam mais de um centena de associações desportivas, todas elas merecedoras do meu maior respeito e admiração.
Abro hoje uma excepção porque provavelmente vivemos os dias mais difíceis de um percurso de vida de um clube que caminha para o centenário. O nosso clube. O clube de uma cidade, de um concelho, que todos vivem apaixonadamente e amam incondicionalmente.
A serem verdadeiras as notícias que hoje ficamos a conhecer, o clube terá um passivo que se aproxima vertiginosamente dos 20 milhões de euros. Com algumas das receitas mais significativas já comprometidas, com o acesso à banca e ao crédito bancário praticamente vedado, sem activos que alimentem expectativas de arrecadação de receita num futuro próximo, com sócios que exigem performances desportivas que permitam ocupar sempre os lugares cimeiros da liga profissional,a pergunta que se impõe é apenas esta: como se gere um clube nestas condições?
Se alguém chegasse hoje a Guimarães depois de um período de longa ausência e lhe dissessem que, mesmo nestas condições, existem já quatro putativos candidatos à liderança do Vitória, estupefacção seria a mínima reacção expectável. Mas Guimarães é assim, pejada de vitorianos dos sete costados, dispostos a todos os sacrifícios e imbuídos de um inigualável espirito clubista.
Mas será este o tempo para tantos candidatos? Será este o tempo de uma disputa eleitoral de tal modo atomizada que provoque ainda mais cisões e divergências entre uma família que, só mesmo unida, pode superar este tempo de tremenda dificuldade?
O Vitória vai precisar de todos para superar a tormenta que se aproxima. O Vitória do amanhã exigirá unidade em torno de um modelo de gestão simultâneamente sustentável e capaz de diminuir o passivo; exigirá paciência em relação à equipa profissional, que provavelmente terá de ser sacrificada na sua qualidade pela inibição financeira de contratar bons jogadores; exigirá disponibilidade plena dos novos dirigentes para encontrar soluções de gestão engenhosas que contrariem o cenário de dificuldade em que estamos todos mergulhados; exigirá, por fim, a escolha criteriosa dos melhores para liderar todo este processo.
Com serenidade e ponderação, a discussão aberta e profunda do caminho a seguir, terá de ser a nota dominante. Não excluindo ninguém. É chegada a altura de tirar todos os "esqueletos do armário", de falar sem reservas, de sacrificar a vertigem do imediatismo em prol de uma gestão rigorosa.
O Vitória sobreviverá, disso não tenho dúvidas. Porque mora numa cidade que é feita de gente audaciosa e onde no coração de cada um só palpita fervor clubista ao Vitória. Noutra cidade, com outra gente, tudo seria mais difícil, impossível até. Aqui isso não acontecerá. Nunca.

1 comentário:

  1. Gostei da tese que defendeste neste post.
    Só faltou concluires revelando quem é o Salvador(salvo seja,cruzes canhoto...)que pode protagonizar tudo isso.
    Mas compreendo que face ás responsabilidades que tens não possas ser tão franco assim.
    Deixa contudo que te diga uma coisa que para ti não será novidade: a situação do Vitória é de tal forma caótica que desta vez não temos o "direito" de errar nas escolhas.
    Outro passo em falso e é o fim.
    E,nota,não estou a dramatizar.

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